domingo, 29 de janeiro de 2012

Paciência e Pavão

Hoje foi dia de paciência e de relembrar de coisas que gosto bastante.
Gosto mais de colorir do que desenhar, e adoro lápis de cor, às vezes só olhar pra eles. 
Fazia muito tempo que não passava um tempo com eles, coloridos, vibrantes, 
apontei um por um, sem dor na mão porque fiz devagar.


Escolhi hoje pra ser o dia da paciência porque não tenho hábito de escolher dias pra paciência. 
Eu não tenho paciência alguma em manter hábitos.
Confesso que alguns lápis me deixaram um pouco sem paciência 
quando insistiam em quebrar a ponta 3 ou 4 vezes. 
E teve a luz do quarto que apagava e acendia de 5 em 5 minutos me atrapalhando. 
É que eu não tentei trocar a lâmpada com defeito por uma nova.
Minha preguiça.
Minha culpa.

Eu escolhi começar com azul. 

É bem difícil escolher qual cor usar em determinado lugar, 
qual cor é mais bonita, qual cor merece mais estar alí.




Descobri que monstros e reis tem coração, e eles não precisam o tempo todo assustar e mandar.
Há muitos jeitos de se fazer um coração, vermelho, pulsante, AZUL!
Enquanto os corações vermelhos são quentes, os azuis são calmos e despreocupados com a realidade.
Mantenho meu coração azul. 
Melhor seria se pudesse ter vários corações, seria um de cada cor e eu usaria um pra cada dia. 
Então resolvi desenhar um pavão.
O pavão além de ter sorte em ser o mais bonito dos animais, ainda tem milhares de corações, 
AZUIS!


As penas do pavão são talvez a coisa mais bonita da natureza, 
contém coração, contém cor, e brilho, forma um desenho bonito e é tudo pena. 
Muita pena. 
O pavão é feito de pena das mais bonitas, meio incoerente porque 
pena é um sentimento não muito agradável. 
Nem o pavão, o mais bonito dos animais precisa ser perfeito.


Eu nunca vi um pavão voando.


Talvez ele tenha medo de alcançar um lugar muito alto, ou de cair antes de chegar onde quer.
Voar exige muito mais que asas.
E não adianta ter asas e não voar, com o tempo elas atrofiam.
É preciso ganhar asas quando já se sabe como usá-las
 e quando já se sabe o destino para o qual elas vão levar.



Assim como o pavão e como o Camelo, eu também quero ver o sol se pôr vermelho.
E quero ver logo, porque tenho muito medo (olha ele aí de novo) de que o sol apague pra sempre
e não seja mais de nenhuma cor.

As coisas acabam um dia, é inevitável e importante quando elas fizeram seu papel bem feito e deixaram afetos pra serem lembrados. 
Deixo que acabe.
Desapego-me do que me fez bem um dia e não precisa mais me ajudar.
Deixo que faça bem à outro agora.



O lápis acaba quando quebra demais, e quebra demais quando uso demais.
Não dá pra ter medo de ponta quebrada, porque é isso, as pontas foram feitas pra quebrar.
E quando se usa de menos como o lápis branco, deve ser tratado com carinho, 
separá-los dos outros lápis pra não sujar.
Alguns sentimentos a gente tem que guardar separados dos outros, 
numa caixinha transparente, pra não esquecermos que eles estão lá e nos pertencem.
Pra não precisar tocá-los e saber que eles continuam lá. 
Alguns sentimentos são tão puros e frágeis que não dá pra correr o risco de deixa-los sujar.

Hoje é domingo, dia de paciência.
Foi o melhor domingo que tive dos que eu consigo me lembrar.
Diferente, bem diferente do domingo passado que acabou com um pouco do meu coração, esse me revigorou e reviveu uma parte de mim que eu tinha esquecido que era minha.



O quarto continua uma bagunça.
Aqui também é.
Culpa da cabeça que não consegue se organizar nem nos próprios pensamentos.
Talvez seja culpa maior da quantidade de informação que me trazem e eu vou buscar.
Decisão e organização, 2 coisinhas que preciso treinar bastante.


Por sorte eu não deixo ninguém invadir essa bagunça que eu sou.
O meu espaço, as sensações que só eu sou capaz de entender (e nem sempre entendo).
Porque só eu sinto, do jeito que elas saem de mim, não quero que elas passem pra ninguém, 
assim como não empresto meus lápis e meu batom vermelho.


Foi bem difícil de guardar os lápis, mas eles também merecem descanso. 
Vou descansar! 

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