terça-feira, 21 de junho de 2011

De João Cabral de Melo Neto

"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome"

E sabe que nem vi, esse amor. Não sei se não reconheci, ou se passou tão veloz quanto a luz. Pode ser até que ele seja telepático, me comeu todas as coisas sem ser presente, não trouxe presente algum, levou tudo. Amor ladrão, manda prender!

"O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água."

Assopra uma brasa. A BRASA GANHA MAIS VIDA. A brasa ilumina espaço ainda maior. O amor não pode com a brasa, ufa! O sopro dá vida a brasa. Mais. Vida, vida, acende, ilumina, me ilumina. O amor quer distância, porque quem brinca com fogo, já sabe no que dá né?!
Se fecho os olhos, a água que cai facilmente apaga a brasa, e daí percebo que amor não pode com brasa, mas a brasa não pode com água. Amor infelizmente come lágrima-água. Volta tudo como era antes, não tem escapatória...

"O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte"

Essa desgraça sempre se apodera de tudo que eu tenho, tudo que me tem. E tritura sem dó com os dentes afiados, porque tudo que o amor toca ele destrói. 
De verdade, esse tal João não sabe o que diz. Amor não come nada, amor simplesmente não existe aqui.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Meu alter ego ultrapassou a margem do inconsciente a tanto tempo, quase não consigo separá-lo de mim. Preciso de um ego, preciso me afogar em um lago e transformar a água doce em lágrimas.
Quando tento entender porque as pessoas amam, elas simplesmente amam pelo que podem enxergar, pelo jeito de andar, por usar cabelo curto, por estar perto e cheirar um cheiro adocicado. Elas amam o que veem refletido nos olhos de outras pessoas, amam mais um do que outro, e acham que amam porque comparam com amores menores, ou maiores, e daí descobrem que amar é diferente de gostar.
Acho que eu costumo amar e gostar, tanto faz, porque acho que é tudo a mesma coisa, quando se trata de sentir algo por pessoas. Elas não agem como eu quero ou agem exatamente do jeito que imagino. E daí eu me encanto por elas no instante-já, e no instante-próximo começo a me apavorar por achar que não me pertencem. E daí descobri que o problema sou eu, sempre, pra tudo que deixa de acontecer, e tudo que não simplesmente acontece errado, como acontece errado do pior jeito que poderia acontecer. Murphy.
Situa, se tua
sê tua, se tudo, de tudo, de nada
Brigada, obrigada
obriga, abriga no abrigo do seu coração

Te tornas, me toma
sou sua, estou nua (de esperança), na dança
não cansa, sou mansa, me lança

Não divido, não minto, omito, o mito,
te fito, me fixo, gostas? não brinco

Estou, eu sou, eu vou não volto ou volto,
me solto, me solta, não volta, desculpa, me culpa
a culpa foi sua.

terça-feira, 7 de junho de 2011

HOJE É DIA DE AUTO ESTIMA

Antes de sair sempre me olho no espelho. Vejo meu rosto, cada detalhe, as imperfeições e o tempo passando, mas tudo bem, ele tem que passar e eu tenho que aceitar. Mas daí eu saio na rua, e não encontro nem um rosto igual ao meu, nenhum. Esse rosto que já me é tão desinteressante de ser sempre o mesmo, me parece tão comum, no entanto não encontro nenhum igual. Descobri a magia de ser eu! É com alegria que escrevo sobre o tesouro que acabo de achar. Meu rosto é só meu, o jeito com que minhas células se encontram, com que minha pele se forma e tem cor, a cor, a textura, não há igual. Bom saber isso, porque sempre sonhei em ser única, e hoje descubro que de mim só mesmo eu. Ninguém gosta como eu. Não sentem o mesmo sentimento que eu. Não escutam música da mesma forma. 
Nesse mundo enorme com pessoas sendo empilhadas uma em cima da outra, não existe uma se quer que goste de ler no escuro apenas com a luz da tela do computador e que tem cabelos tingidos de cores fabricadas com pontas ressecadas, e que conta histórias constrangedoras só pra ver pessoas rindo, dorme tarde e acorda 14:35 e nunca termina as coisas que começa. Quer dizer, essas coisas são tão simples, mas que juntas só acontecem em mim. O conjunto de coisas que me forma e me transforma a cada dia mais em mim mesma.
Isso me faz tão feliz!