quarta-feira, 25 de maio de 2011

É mesmo muito fina a linha entre amor e ódio.
É tão difícil definir amor, assim como nunca sei o tamanho do meu ódio, se é que ele pode ser chamado de ódio.
Até nisso esses dois se parecem, o grau de dificuldade de mensurá-los.
Ódio parece uma palavra muito forte pra mim, algo distante de mim, mas as vezes me pego sentindo ódio.
Não por todo mundo que me causa um dano, na maior parte do tempo por uma pessoa que chamo de tia.
É que sou tão dependente sem querer, mas a recíproca não é verdadeira.
É um sentimento estrangulador de incapacidade.
Estado de prisioneira, de mediocridade.
Como se eu vivesse agonizando a beira da morte, esperando o instante-já que parece nunca chegar.
Graças a Deus eu deveria dizer.
Não é o que sai da minha boca, nem sequer passa pela minha cabeça.
Pausa dramática pra auto destruição.
Mas sobrevivi, tô aqui vivona, e vou vivendo.
Ódio passa algum dia?
Acho que só quando a pessoa odiada te ajuda.
Não é meu caso.
Preciso de um advogado, preciso de justiça.
Ah, esquece, justiça não briga com justiça.
Mas acho que ódio carrega amor consigo, porque se não carregasse o ódio seria indiferença.
Indiferença parece machucar mais, mas não, as coisas de amor são mais violentas.
Tudo que o amor toca ele destrói, ou pior, deixa latejando de dor.
Até mesmo o ódio, repugnante do jeito que é, seria facilmente amado se não dependesse de amor.
Bom seria não sentir amor jamais, assim por consequência me livraria do ódio também.
E viveria feliz apenas com indiferenças e alguns vínculos supérfluos e independentes.
Mas voltando aos laços que me prendem.
Eles são fortes demais, impossíveis de arrebentar, aliás, nem quero que arrebentem.
O que eu queria é que abrisse uma fenda no espaço, pra eu mandar algumas pessoas pra bem longe.
Só que sou muito boa pessoa, e não consigo não pensar nos outros lados do laço.
Porque quando nos deixamos cativar também corremos o risco de chorar um pouco.
Pena que cativar não é como uma moeda com dois lados essenciais.
Ninguém consegue comprar pão com uma moeda feita só de cara.
Mas é perfeitamente possível ser cativado e não cativar.
É porque precisa de muita simpatia, muita criatividade, paciência e um pouco de beleza não faz mal.
As vezes não é o tempo que você perde com sua rosa que a faz importante.
Também é preciso regar e dar sol, não com qualquer água e nem qualquer sol.
Mas é porque falo de um caso específico, isso não cabe a qualquer um.
No caso da pessoa que chama tia, é tempo perdido vir aqui escrever tudo isso pra tentar achar uma solução.
É gastar vela com defunto ruim.
São mil batalhas perdidas por conta do W.O.
Tô numa guerra solitária, de um soldado sem armas e sem armadura.
Me sentindo desprezivelmente frágil, incapaz de viajar pra outro mundo, só porque sou obrigada a viver neste.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Me sinto um pouco como Macabéa, escrevo um roteiro de vida sem que ninguém perceba, porque escrever é uma forma de silenciar. Mas não sou só inércia, porque pensar é o que mais faço, só não chego com constância a conclusões. Até porque "...pensar é um ato, sentir é um fato..." Todo fato foi pré definido por um ato, sendo assim escolho o que me é justo sentir, falta escolher os sentimentos.
Sentir é uma forma de vivenciar na carne, e sentir muitas vezes dói, como a dor da carne, é tão inversamente proporcional e tão complementares ao mesmo tempo. Não dá pra viver tudo que se tem pra viver sem consternação alguma.
Os dias são um misto de aflição e júbilo incontido. Não dá pra guardar nada dentro de uma caixa, porque quando se espalha pelo mundo, mesmo que seja pelo meu pequeno e modesto mundo, torna mais real, não me deixa esquecer, fixa na memória como se fosse primordial me lembrar, e assim quando deito a cabeça no travesseiro, recordando das horas anteriores, me vem uma sensação de que será melhor no dia seguinte, e a esperança entra sem pedir licença. É minha palavra de ordem: esperança. Na espera de que tudo que me é por direito chegará brevemente. Esperança é uma palavra iridescente e nela encontro força, porque a ela está implícito felicidade algum dia.
Estou tentando entender o âmago das coisas. E pra isso me ponho ridiculamente piegas com os fatos, quando o que preciso fazer é deixa-los fluir naturalmente como um rio. Mas tem vezes que é preciso desistir de entender, porque toda mulher inteligente sabe quando deve desistir de um projeto. Não que meu projeto seja que tudo fique mais claro, mas sim, muitas vezes é o que busco, porque com clareza é mais fácil tomar decisões que implicam em saber com detalhes sobre o esperado. Espero antes de mais nada me encontrar em alguma parte da vida, minha e de outros, porque não basta ter certeza de que estou no meu caminho, preciso da segurança de me ver percorrendo as estradas por aí afora.
E tem as tantas vezes que não sei que sou o que sou, "..assim como um cachorro não sabe que é um cachorro". Pra essas horas ainda não encontrei solução eficaz de agir, a não ser me conhecer profundamente e ter certeza, mesmo que falem o contrário, de que me reconhecer me faz saber revelar o que é certo.
Outra coisa que espero, é a chegada da hora da minha estrela, e espero que não seja nos últimos instantes de minha vida, mas do que jamais me esquecerei, da frase que mais me lembro e lembrarei, que "...por enquanto é tempo de morangos"

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sabe coração, queria muito que você parasse de sentir, sentir essas coisas que você costuma sentir pelas pessoas, pelas estórias. Sentir por algo de fato concreto é tão gostoso quanto, sentir por uma paisagem.
Como diz Clarice, uma música não constrói nada, palavras constroem, pessoas também, mas uma música me dá o que eu preciso no instante em que a ouço, um desenho me envolve por estar ali, parado na dele, sem invadir meu espaço.

Ah coração, podemos fazer um trato onde nós 2 ganhamos. Entro numa enxurrada de razão, e você aproveita a chuva pra lavar esses sentimentos. E o que te dou em troca? Fotografo cada imagem que vejo e mando todas as sensações que ela me trás pra você. Assim só ficamos com a parte boa da vida, amar o que passa rápido demais pra cativar, o que está explicito, fácil de entender, tudo que for alcançável. Te deixo brincar com os sentimentos, porque eles não serão vitais pra mim. Não é fácil assim?

Coração, peço desculpa por ter insistido tanto em alguns sentimentos, mesmo sabendo que eles não me levariam a lugar algum. Mas já aviso que ainda vou fazer isso algumas vezes, não sei se você um dia vai calejar, mas espero que não chegue a esse ponto.

Clarice ilumina[da]

quarta-feira, 4 de maio de 2011

E amar é fácil né.
Dá pra amar tanta coisa, e tantos alguéns
De vários jeitos, formas e tamanhos
Facilmente amar quando é amado
Intensamente amar o desejado
Amar até sem ser notado
Amar até sem ser notado?

E amar não é tão difícil né.
A gente ama quem tá do nosso lado
Costuma amar dia e noite, pouco ou muito
O amor as vezes bate rápido
Mas tem hora que passa só pra dar um oi
e vai embora como um viajante
Mas o amor sempre resiste ao tempo e a distância
Sempre resiste
Resiste?

E amar é meio complicado
Tá, é fácil amar os pais e o namorado
Amar coisa boa, comida gostosa, todo mundo ama
Amar e ser amado
Amar sem ser amado, dói,
mas a gente ama sofrer
As vezes dói bastante, tanto que achamos melhor parar de amar
E quando não conseguimos parar
amamos e percebemos que amar requer cuidado
E que amar requer paciência
E que pra amar tem que ser forte, ou tem que ser fraco?

Talvez amar seja uma porra de uma desgraça
Amar quem te conhece
e não se importa com o que você acha
E continuar amando quando se está magoado
Persistir amando quando se é machucado
Descobrir que amar exige conhecimento
entender o que o outro acha,
compreender seus sonhos e tudo que vem junto na caixa
aceitar defeitos de menos e qualidades demais
ou vice e versa

E daí você percebe que pra amar só tem um jeito
que pra amar só pode ser com uma condição
Amar o desconhecido
se entregar no escuro
e não questionar demais, porque amor ignora
amor sente cheiro e paladar,
e prefere se manter cego

domingo, 1 de maio de 2011

Sem [re]ação

Tenho mil sensações por dia,
quando meu corpo externo se encontra com o espaço
as sensações são quentes ou frias, boas ou ruins,
mas quando internamente dependo das sensações do outro
só há um resultado possível para a questão:
ser ou não ser, o que penso que sou, o que acham que pareço.
Porque sensação depende do espaço, e o espaço não depende de mim.
Porque o que sou ainda é raso, e transborda incompletas definições,
e o que esperam, me é tão distante de alcançar.
Na sensação de experimentar no outro o que não enxergo em mim,
acabo por entender que o que está em mim não cabe em meu deleite
sobra espaço, há ainda muito o que colocar.
Espero que a esperança permaneça, até o dia de me satisfazer,
e quando superlativo as de outrem,
não me supero em nada que poderia superar,
e aposto num jogo de achar os 7 erros da imagem vizinha
enquanto descubro que meus erros são bem mais que 10 x7