quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

me toma nos braços
de peito aberto e triste
um eu triste
um eu diferente do que havia sido
me toma a vida
me bebe o sangue
como se bebe vinho e come o pão
me come os sonhos
a morte chega [chegou ou chegando]
aquela que dá frio na espinha
e um vazio na barriga
me toma num gole
o último suspiro de vontade
o último suspiro de amor
suspiro de verdade
o último
aliviado, ou nem tanto
me toma sorriso
arranca atroz
tira tudo que eu tenho
o que eu iria ter
o que eu nem queria ter
tira a ventura
tira até minha solidão
vai tirando, me deixando
sem direito e sem esquerda
sem mais preâmbulos
me deixa aqui
sem lei
sem rei
não mais coroa
não música
não vontade
sem
nada

a terra sobe

o que é vivo pulsa
o que é vivo fere

o que é vivo renasce
não mais em mim
me tirou tanto
me tirou força
me tirou asas

e me atirou
terra abaixo

o que é vivo fere

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